sábado, 13 de julho de 2013

Além da pureza - Momentos íntimos (Adaptada)

Capítulo 1 parte II


Arthur  era todo músculos. Começara trabalhando para o pai em plataformas de exploração de petróleo e parecia um explorador  Hoje em dia, trabalhava apenas no escritório, mas, quando estava com ânimo, ia trabalhar na fazenda do pai, em Tulsá.
O velho Aguiar tinha sido jogador profissional de beisebol nos velhos tempos e sabiamente investira o dinheiro ganho nu­ma fazenda em Oklahoma e em outra no Texas. Com aguça­do senso comercial, começara a perfurar o solo e seu filho, Arthur, o ajudara, àté decidir-se a cair fora do domínio do pai e abrir seu próprio negócio de produção e venda de peças pa­ra sondas de petróleo.
Estava no ramo havia dez anos, com sucesso, mas seu pai o aborrecia por nunca mencionar aos outros o que o filho fazia para viver. Na verdade, como vingança, costumava dizer aos amigos que Arthur trabalhava como porteiro num bar. Lua não entendia a confusão dos novos clientes quando perce­biam de quem Arthur era filho, pois Eugene era quase uma lenda no ramo e seus colegas compravam peças de Arthur. Mas ago­ra que ela também fazia parte da brincadeira, era divertido e exasperador ao mesmo tempo.
O velho Aguiar nunca aprovara a independência do filho. Gostava de mandar na vida de todos que estivessem ligados a sua própria vida. Quando visitava Arthur, o que era freqüen­te, sempre tinha sugestões para Lua. A última havia sido pa­ra que ela parasse de chamar o filho de "sr. Aguiar" e começasse a usar roupas que dessem ênfase ao seu corpo escultural.
— Nunca chamará a atenção dele assim, você sabe — dis­sera o velho, desaprovando a blusa branca fechada até a gola e a saia comprida.
— Sr. Aguiar, não quero chamar a atenção de seu filho — replicara ela. — Ele não é meu tipo.
— Mas você serviria muito bem para ele — continuara o velho, como se Lua nada tivesse dito, fitando-a com os olhos castanhos, iguais aos do filho. — Mantenha-o longe dessas garo­tas de programa. Arthur vai morrer de alguma dessas doenças horríveis — dissera o pai, em tom conspiratório. — Ele nem sabe onde essas meninas andam!
A essa altura, Lua desculpara-se, indo até a toalete, onde tivera um acesso de risada histérica. Queria tanto contar ao chefe o que o pai dissera sobre ele, mas não sabia como abor­dar o assunto. ".     .
O olhar curioso de Arthur por fim chamou sua atenção, tirando-a do devaneio.
— Não fique aí parada, Lua, sente-se — murmurou Arthur, percebendo que a secretária ò encarava. — Não sei o que deu em você ultimamente, mas a sua mente está longe do trabalho.
— Como disse? — Lua tentava concentrar-se no que seu chefe dizia, sem sucesso, de pé ao lado da poltrona.
— Sente-se!
Lua sentou-se. A autoridade na voz do chefe tinha o mes­mo efeito com os empregados homens. Arthur estava tão acos­tumado a dar ordens que não tinha nenhuma inibição em fazê-lo nos restaurantes, nas festas de outras pessoas, em qual­quer lugar. Diziam que as anfitriãs suspiravam de alívio quando ele ia embora de suas casas.
— Não me espanta que seu pai não o aprove — murmurou a secretária. — O senhor è igualzinho a ele.
— Insultos são a minha especialidade, não a sua, menina
— lembrou-a Arthur, em tom divertido, inclinando-se para trás na poltrona e examinando-a com atenção, fazendo a poltro­na ranger. Arthur era quase um peso pesado. Seus olhos fitavam-na. — Você não me parece muito animada es­ta manhã. Algo errado?
— O senhor me repreendeu duas vezes antes de eu passar por esta porta e nenhuma delas foi minha culpa.
— E daí? Eu brigo com você todas as manhãs, não brigo?
— Havia um lampejo bem-humorado em sua expressão. É ine­rente ao seu cargo. Você chorou durante os dois primeiros dias quando entrou aqui.
— Estava morta de medo do senhor naqueles dois dias.
— Foi aí que jogou a agenda em mim — suspirou Arthur.
— Foi bom ter uma secretária que revidasse. Você durou bas­tante, Lua.
Talvez bastante demais, Lua pensou, com vontade de di­zer. Mas resolveu que era melhor ficar calada.
— Sem comentários? — estranhou Arthur, inclinando-se para a frente, num gesto que sempre a pegava desprevenida. — Olhe aqui — disse em tom conspiratório —, precisamos fazer algo a respeito de meu pai.
Lua piscou ante a súbita mudança de assunto.
— Nós precisamos?
— Sim, nós. Ele anda fazendo dos seus comentários de no­vo. O assunto favorito agora é que eu esteja procurando uma esposa. Meu telefone tocou várias vezes ontem com ofertas de moças solteiras e disponíveis em Tulsa.
Lua não pôde deixar de sorrir ante a expressão irritada do chefe. Podia ver as solteiras pondo as manguinhas de fora.
— Sabe por que, não? — perguntou Lua, divertida. — O senhor mudou a fechadura do seu apartamento e agora seu pai não tem chave para poder entrar.
— Meu Deus, não tenho nenhuma privacidade! Precisei fazer isso. Papai estava esperando por mim no meu apartamen­to na sexta-feira passada — defendeu-se Arthur, cheio de ódio na voz. — Levei Karol para casa comigo depois do jantar e ali estava meu pai, afiando a faca na pedra-mármore. Olhou Karol de cima a baixo e convidou-se para tomar um drinque e depois um café. Ficou conosco até meia-noite. Tratou Ka­rol muito mal, conversando praticamente sozinho e contando como se fazia para castrar gado e outros assuntos que a eno­jaram até que ela foi para casa.
— Posso entender — concordou Lua, tentando convencer-se de que não havia nada de mais no fato de o chefe levar Ka­rol para casa após o jantar. Mesmo assim, o fato a irritava. A atitude dele ante suas conquistas femininas era algo que me­xia muito com Lua. — Uma vez ouvi seu pai contando a uma das suas namoradas sobre o tratamento que o senhor estava fazendo para se curar de uma daquelas doenças.
Os olhos castanhos se arregalaram pelo espanto.
— Foi com Vera, não foi? Não foi? Meu Deus… — Ele bateu com o punho cerrado na mesa. — Foi por isso que ela me deixou tão apressada sem ao menos se despedir! Aquela cobra venenosa do meu pai!
Vera, pelo que Lua se lembrava, tinha sido a namorada firme antes de Karol.
— Isso é jeito de falar sobre seu pai, sr. Aguiar?
— Lua — começou Cabe —, quando meu pai esteve aqui, na semana passada, uma das coisas mais gentis que ele disse sobre você foi que se vestia como se tivesse recebido roupas do Exército da Salvação.
Lua sentiu-se tão insultada que esqueceu de protestar con­tra o uso do apelido que Arthur lhe dera.
— Aquela cobra velha! — ela exclamou. Arthur levantou uma sobrancelha.
— Foi o que pensei ter dito. Tem alguma idéia?
— Nenhuma que não o leve para a cadeia. Por que seu pai anda interferindo tanto na sua vida ultimamente?
Arthur suspirou fundo, passando uma das mãos pelo denso cabelo escuro.
— Papai acha que eu preciso de uma esposa. Então, está procurando uma mulher para mim.
— Talvez ele esteja apenas aborrecido — murmurou Lua, pensativa. — Peça a sua madrasta que o leve para um cruzei­ro de volta ao mundo.
— Tenho o mínimo contato possível com minha madrasta — foi a resposta do chefe.
— Desculpe. — Lua sabia que aquele era um assunto de­licado para seu chefe, mas não sabia o porquê. Arthur era um homem bastante reservado em alguns campos.
— Seus pais ainda estão casados? — ele indagou,
— Sim senhor, fizeram trinta anos de casados em novembro.
— Não me chame de senhor! — Arthur exclamou em tom irado, quebrando um lápis e, levantando-se, foi até a janela, enquanto Lua respirava fundo, tentando recobrar-se do sus­to. — Não quero me casar. Não quero amar ninguém — ele disse como que para si mesmo, olhando a cidade. — Você não deu nenhuma informação sobre Karol a meu pai, deu? — per­guntou Arthur de repente, virando-se para a secretária.
A figura dele era intimidante.
— Não, sen… — Elisa pigarreou, lembrando-se de sua úl­tima ordem. — Não. Ele é quem fica falando o tempo todo. Como de costume,
— O que ele disse?
Lua abafou uma risadinha.
— Que o senhor ia pegar uma daquelas doenças horríveis se ele não o salvasse dessas garotas de programa. — E, inclinando-se para a frente, continuou: — O senhor não sabe por onde elas andaram, entende?
Arthur caiu na risada. O som era gratificante, já que ele não era homem de rir, normalmente. Fazia-o parecer mais jovem do que era e seus olhos brilhavam. Lua não pôde dei­xar de sorrir para ele, pois o chefe ficava incrivelmente boni­to quando\ria.
— Então, esta é a opinião de meu pai. Talvez eu possa ter uma conversa com ele sobre a vida moderna.
— Isso só funcionará se o senhor o amarrar e amordaçar antes.            "'
— Papai anda fazendo confidencias a você, é isso? — Arthur comprimiu os lábios estudando a secretária com uma aten­ção que estava se tornando cada vez mais freqüente. — Quantos anos você tem, Lua?
— Vinte e três. — "E, se você não parar de me chamar de Lua, vou embrulhá-lo em celofane e jogá-lo pela janela", acres­centou para si mesma..
— Você mal tinha vinte e um quando começou a trabalhar aqui. Era nervosa e muito tímida. De certo modo, você ainda é bem tímida.
— Gentileza sua notar— disse Lua, pouco à vontade. — Agora, com relação à correspondência…
— Você não sai com rapazes — observou Arthur, como se ele soubesse do fato.
Lua cruzou as longas e bem-feitas pernas de modo involuntário chamando a atenção do chefe.
— Bem, não saio muito — respondeu ela, relutante.
— Por quê? — Os olhos castanhos mergulharam  nos dela.

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