Capítulo 2 parte II
Aquele
'era um poço que estava sendo sondado pela primeira vez. Harry ainda não
descobrira petróleo, mas Lua apostava como descobriria. Harry tinha muita
sorte e competência.
—
Meu pai tem uma porcentagem nesta exploração — Arthur acabou por dizer após alguns minutos, olhando
de soslaio para Lua. — Relaxe, pelo amor de Deus. Não vou pular em cima de
você!
Ao
ouvir aquilo, Lua mordeu p lábio com força, machucando-o.
—
Aprecio isso — ela falou, com uma pontada de sarcasmo. Dando uma baforada no
cigarro, Arthur continuou:
—
Está tudo bem, Lua. Não tenho o direito de lhe dizer como deve se vestir,
apesar de acreditar que você se vestiu deste modo hoje por causa dos insultos
que eu lhe dirigi ontem. — Arthur parecia pouco à vontade. — É culpa de meu
pai, droga! Eu nem notava suas roupas antes de ele meter o nariz. — Na verdade,
Arthur não notara a existência da
secretária antes. Nos últimos dias, passara a observá-la com freqüência. Como
agora. Desviou o olhar do vestido, percebendo mais uma vez como Lua estava
sexy com ele. — Esse vestido… favorece bastante você.
Sabendo
que seu rosto estava em chamas, Lua sentiu-se como um espécime sendo
analisado.
—
O senhor disse que seu pai tem interesse nas explorações do sr. Deal?
Arthur
apagou o cigarro.
—
Uma pequena porcentagem — respondeu, aliviado por sentir que a tensão entre
eles diminuía. Vê-la naquele vestido não estava sendo nada bom para seu autocontrole
e esperava que Lua não percebesse a atração que começava a sentir por ela. —
Eugène gosta de meter o dedo em tudo ó que encontra.
—
Pensei que o mercado de petróleo fosse um mau investimento agora.
—
O mercado está baixo, mas subirá de novo. Flutua como o mercado do ouro. Mas,
enquanto for uma necessidade, os preços poderão subir. Eugene e Harry são
espertos o suficiente para diversificarem suas operações. Vão sedar bem.
—
Há algum problema com o equipamento que fizemos para o sr. Deal?
—
Ele acha que sim. Eu acho que não. — Arthur dirigiu-lhe um sorriso. — Sei quem
está operando a máquina para Harry. É um velho que não aceita inovações.
Provavelmente pôs a peça do lado errado ou algo assim.
O
que havia sido exatamente o caso. Mais tarde, observando Arthur lidar com uma
peça cheia de graxa do equipamento pesado, Lua viu o homem mais velho ficar
rubro quando o motor começou a funcionar com precisão.
A
plataforma era operada por homens fortes e musculosos que pareciam achá-la uma
atração fora do comum. Havia mulheres que trabalhavam naquele ramo, mas não na
plataforma de Harry. Ela sentiu-se pouco à vontade.
Segurava
o casaco do chefe enquanto ele lidava com as peças. Agora, Arthur limpava as
mãos num lenço que nunca mais seria branco de novo e dirigiu um eloqüente olhar
a Harry.
—
Está tudo certo — disse Harry, olhando para o empregado mais velho. — Sam,
depois você me explica o que houve.
—
Sim senhor — e foi embora, envergonhado.
—
Como vai seu pai? — indagou Harry.
-—
Ganhando dinheiro. Ele espera que você ganhe o suficiente para poder comprar
um Rolls novo.
—
Estou fazendo o melhor possível. — E, dizendo isto, virou-se para Lua: — Vejo
que ainda está com a mesma secretária. Ainda não se casou, srta. Blanco?
Elisa
abraçou com força o casaco do chefe contra o corpo.
—
Achei um candidato, sr. Deal — respondeu, com doçura. — Mas não sabia trocar
pneu e falar ao mesmo tempo, então desisti dele.
Harry
sorriu, sem jeito.
—
A senhorita não sabe trocar pneus?
—
Hoje em dia, sou obrigada a saber. A maioria dos homens são tão preguiçosos
que eles não querem se ocupar em fazer essas coisas difíceis.
Arthur
previu desastre. Pegando Lua pelo braço, levou-a para longe.
—
Me avise se tiver maiores problemas. Precisamos voltar ao trabalho.
—
Obrigado, Arthur — respondeu Harry, virando-se de costas.
—
Velho dinossauro arrogante — murmurou Lua, consciente do braço másculo
apertando o seu.
—
Você exagerou na dose, querida — disse Arthur. — Entre no carro e fique quieta
até irmos embora. — E, dirigindo-lhe um olhar surpreso: — Você nunca respondeu
a Harry antes.
—
Talvez eu estivesse sob o efeito do óleo e da graxa — Lua respondeu em tom
doce. Sentia-se livre, agora que pusera o velho em seu devido lugar. Talvez
por trabalhar para o sr. Aguiar tivesse ganho um pouco de autoconfiança.
Precisava se defender dele e lhe parecia automático ter de se defender dos
outros.
Arthur
ria baixinho ao entrar no Lincoln. Ainda tentava tirar a graxa das mãos,
—
Malditos exploradores de petróleo. Harry tem de despedir aquele filho da…
—
Sr. Aguiar! — exclamou Lua, alarmada.
—
Desculpe, srta. Pureza. Você já devia estar acostumada ao meu linguajar.
—
Eu devia — concordou Lua, fechando os olhos è se acomodando no banco macio do
carro. — Quando acho que já ouvi tudo, o senhor inventa coisas novas.
—
Invento? — Arthur riu, baixinho. — Você é uma gatinha selvagem quando
provocada, não? Mas não era assim no início -— comentou ele, num tom que nunca
usara com a secretária. — Você não tinha esse fogo. Levou alguns anos para
liberar sua agressividade, e hoje em dia não fica sem responder a nada, não? —
E, dizendo isso, olhou intrigado para Lua, passando os dedos pelos lábios finos
e delicados dela, observando-lhe a reação.
A
sensação daquela atitude deliberada causou um choque em Lua. Seu corpo ficou
tenso e quente ao mesmo tempo e podia-se ouvir sua respiração irregular.
A
reação da secretária era uma delícia, pensava Arthur. Ele esquecera de como uma
mulher podia ser sensível ao seu toque. Lua era inocente, muito diferente das
mulheres experientes e sofisticadas com as quais se relacionava. Podia
perceber que toda aquela sensualidade era algo novo para ela. Seus dedos se
moviam pressionando os lábios femininos de leve, fazendo com que Lua sentisse o
cheiro de tabaco e da loção de barba, misturados com cheiro de graxa da
plataforma de petróleo. Arthur percebia
o próprio corpo se retesando ao notar a extensão do prazer que Lua
experimentava. Seus olhos azuis se aproximaram dos dela, fazendo com que Lua
ficasse tensa.
—
Você sabia que sua boca era assim tão sensível, mocinha? — perguntou Arthur, a
voz rouca, perscrutando os olhos cinzento. —Que seus lábios podiam excitá-la
tanto quando um homem brincasse com eles?
Lua
engoliu em seco, nervosíssima, o corpo todo tomado por sensações novas.
—
Os… homens… da plataforma… — sussurrou, preocupada que eles vissem o que
estava acontecendo no interior do Lincoln.
—
Os vidros das janelas são espelhados — ele lembrou-a, enquanto os dedos
másculos continuavam a exploração.
A
sanidade e a razão de Lua pareciam desvanecer-se, enquanto Arthur observava,
deliciado, as reações da sua inexperiente secretária ao seu toque.
—
Sr. Aguiar! — murmurou ela, sentindo-se perdida num mundo de sensações novas e
diferentes, mas temerosa.
—
Você já foi beijada de modo apropriado? — sussurrou Arthur, cada vez mais
encantado com o que via. — Com seus lábios abertos junto à boca de um homem?
Seria tão fácil. Eu poderia abaixar minha cabeça um centímetro, assim. — E, dizendo
isto, puxou-a delicadamente pelo queixo —, e poderia beijá-la assim. Poderia
abrir seus lábios com os meus e apertá-la contra meu corpo tão forte que você
ouviria as batidas enlouquecidas do meu coração…
Lua
começou a entrar em pânico, enquanto imaginava as coisas que o chefe dizia se
tornando realidade, e, num último lampejo de razão, empurrou-o com toda força.
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