terça-feira, 30 de julho de 2013

Além da Pureza - (Adaptada)



Capítulo 2 parte final


— Não! Sr. Aguiar! Não deve fazer isso… — ela implorou — eu trabalho para o senhor!
— Trabalha para mim — a voz masculina ecoou e Arthur olhou-a como se a visse pela primeira vez. Sentia o corpo doendo de desejo, sentia necessidade de aplacar aquele desejo. "Tra­balho para o senhor." As palavras se repetiam em sua mente, implacáveis, e via Lua, os olhos arregalados, à sua frente. Lua!
— Meu Deus, que estou fazendo?!— perguntou a si mes­mo, incrédulo, afastando-se da secretária abruptamente e acen­dendo um cigarro. — Desculpe, Lua— disse em tom seco, sentindo-se culpado; afinal, ela era apenas uma criança. — Não acontecerá de novo.
E, ligando o carro, se afastaram da plataforma de ex­ploração.
Lua tirou os olhos das feições perturbadas do chefe. Não conseguiria acreditar em tudo o que acabara de acontecer se não fosse pelos lábios machucados pelo toque de Arthur. Era por isso que as mulheres caíam aos pés dele. Arthur mal a toca­ra, fazendo-a sentir as pernas bambas e a respiração entrecortada. Ainda podia sentir o hálito quente e as coisas deliciosas e chocantes que ele dissera. Quase gemera em protesto quan­do Arthur se afastara. Queria ter sentido os lábios másculos so­bre os seus, o calor dos braços fortes envolvendo-a, o peito forte e musculoso contra seus seios. Pôs os próprios braços em volta de si, como que para proteger-se dos pensamentos. Que havia de errado com seu chefe? . Permaneceu calado durante o trajeto de volta, deixando o som do rádio entre eles. Mas todo tempo Lua ficava se per­guntando se Arthur não teria agido de propósito, para mostrar-lhe o quão vulnerável ela era.
Talvez fosse uma vingança por ter sido chamado de mulhe­rengo no dia anterior. Talvez ele quisesse mostrar quanto Lua era vulnerável às técnicas de um mulherengo. Quando entraram na garagem do prédio onde ficava o escritório, Lua começou a sentir-se mal, certa de que tudo não passava de uma manobra para humilhá-la.
No instante em que estacionaram o carro, Lua tentou abrir a porta, mas sentiu o braço forte do chefe segurando o seu.
— Ainda não — disse Arthur, baixinho, os olhos mergulhados nos dela, culpados. — Eu a magoei.
— E eu o chamei de mulherengo — Lua lembrou-o, bai­xando o olhar para o peito forte e musculoso. — Foi por is­so…? Para me dar uma lição?
— Não, não foi. Eu é que aprendi a lição, querida — re­trucou Arthur, suspirando. — Estou acostumado com mulhe­res sofisticadas e experientes que aceitam tudo o que um homem faz. Nunca tive nenhuma experiência com mulheres tímidas, virgens inocentes que fazem tudo parecer novo e excitante.
— E, vendo o rubor nas faces da secretária, sorriu. — Só para eu saber, srta. Blanco, já beijou alguma vez de boca aberta?
Lua sentiu, as faces ficarem vermelhas como tomates.
— Não é da sua conta!
— Em outras palavras, nunca beijou — riu ele, baixinho. — Tudo bem, menina, então aprenda.
— Não preciso de professor! —gritou Lua, tentando sair do carro.
— Ah, mas vai precisar, sim — replicou Arthur, em tom sua­ve, o braço segurando-a para impedi-la de sair dali. — Não sabe o que eu daria para ser seu professor — acrescentou com os olhos cheios de malícia e de promessas. — Mas seria desas­troso para nós dois. Sou muito experiente e você é pura de­mais. O máximo que eu podia oferecer-lhe são algumas boas horas numa cama e eu não a insultaria com este tipo de pro­posta. Você precisa de um.bom e estável homem que cuide bem de você e lhe dê filhos. Isso requer um tipo de segurança que eu não posso dar a uma mulher. Não quero ser vulnerá­vel, Lua.
— Ninguém está pedindo que seja! — ela replicou, furiosa.
— Você é vulnerável? — indagou Arthur. — Meu pai tinha razão? Você não tem uma queda por mim?
— Não!
Nos olhos castanhos havia um brilho de autoconfiança.
— Então, por que não tentou me deter e nem brigou comi­go? — perguntou num tom suave.
Lua saiu do carro e entrou no prédio tão depressa que mal podia respirar ao alcançar o escritório. A primeira coisa que planejava fazer era datilografar seu pedido de demissão. Mas, ao abrir a porta, deu de cara com Eugene  Aguiar, sentado nu­ma cadeira, impaciente e parecendo muito bravo.
— Que fez com meu filho? — inquiriu ele, desconfiado. Lua parou de súbito, os cabelos revoltos pela corrida e os
lábios ainda vermelhos.
— Pensando bem — continuou o velho, olhando-a demoradamente, — o que meu filho fez com você?
Arthur entrou no escritório em seguida, parecendo tão arro­gante que Lua sentiu vontade de atirar-lhe a máquina de es­crever.
— Olá, papai — disse Arthur de modo casual. — Precisa de algo?
Eugene olhava fixamente o filho, procurando traços de ba­tom, mas nada achando. Arthur olhava o pai divertido.
— Nada de mais. Queria saber se você aparecerá na nossa festa de aniversário amanhã. Nicky está esperando que você vá.
Nicky? Lua já tinha ouvido o nome umas duas vezes. Se­ria nome de homem ou de mulher? Talvez de mulher, pen­sou, triste.
— Estarei ocupado amanhã à noite — Arthur apressou-se em dizer. — Vou levar Karol ao balé.
— Então essa mulher vulgar é mais importante para você do que eu, declarou, zangado. — E Cynthia? Ela vai ter de sofrer pelo resto da vida porque eu tive a audácia de me casar de novo?
Arthur virou-se para o pai, com um brilho perigoso no olhar.
— Ela nunca será minha mãe e Nicky nunca será parte da minha família! Eu amava minha mãe! Você nem esperou que ela estivesse enterrada para levar Cynthia até o altar!
— É mentira e você sabe disso — Eugene retrucou em tom calmo. — Cynthia trabalhou para mim enquanto sua mãe es­tava viva, mas foi só depois que ela morreu que nos apaixo­namos. Nicky foi uma deliciosa surpresa, não um acidente, e eu não  you me desculpar por ele existir! Meu Deus, ele não está tirando nada de você! Nicky não herdará nada, exceto uma parte das minhas propriedades. Cynthia e eu concorda­mos sobre isso desde o início. Ela tem dinheiro suficiente pa­ra criar o filho, caso você tenha esquecido.
— Não me esqueci de nada — Arthur respondeu em tom frio.
Eugene ia começar a falar, mas deu de ombros, desistindo.
— Você não morreria se passasse uma noite conosco, mes­mo assim. Nicky fica magoado por você ignorá-lo.
— Não lhe devo nada!
Enquanto Eugene saía do escritório, Arthur socou a mesa de Lua com o punho cerrado, com toda a força, assustando-a.
— Tudo bem! — gritou ele, raivoso. — Maldição, eu irei ao aniversário.
Já perto do elevador, Eugene sorriu.
— Este é o meu menino. A propósito, porque não deixa a loira oxigenada em casa e traz essa aqui com você? — per­guntou ele, referindo-se a Lua. — Ela tem um iguana. Nicky iria adorá-la.
Lua quase desmaiou.
— Como sabe sobre Norman?
Eugene sorriu.
— Pergunte a Jenny. Sua secretária parecia bastante alte­rada quando entrou aqui. Pensei que talvez vocês…
— Acabamos de chegar dos campos de petróleo de Harry Deal — disse Arthur, com um brilho malicioso no olhar. — Lua e Harry trocaram palavras ásperas.
— Espero que ela tenha levado a melhor. Harry é bastante irritante — Eugene deu um suspiro desapontado. — Bem, até amanhã à noite — murmurou. — Loira oxigenada, só Deus sabe quantos homens já…
— Vá embora! — exclamou, por fim.
Eugene não era bobo e sabia quando era hora de parar. Ace­nando para Lua, foi embora.
Lua estava tentando ligar o computador, coisa que fazia todos os dias, mas sem sucesso naquele momento. Estava muito embaraçada. Tinha sido uma manhã muito movimentada.
Sentiu o cheiro de cigarro. Era o chefe, que se aproximara dela. Fumava e a olhava com franca admiração masculina.
— Não tenho uma queda pelo senhor — disse Lua, ten­tando parecer calma.
Dando uma longa baforada, Arthur olhava-a com atenção.
— Sou treze anos mais velho que você. De um ponto de vista prático, você nem tem como me comparar com outros. Sua vida é uma página em branco. Sei que sou a última complicação de que você precisa na sua vida, menina. Portanto, chega de aproximações como a que tivemos. Vamos trabalhar.
E, dizendo isto, entrou em sua sala com o costumeiro pas­so firme. Lua devia sentir-se aliviada. Mas não estava. Era como o fim de algo que nem começara. Frustrante.
Ligando por fim o computador, sentia o coração aos pulos.
Mas, afinal, se Arthur não queria complicações, por que a tocara daquele modo, no carro? Por que dissera todas aque­las coisas? Franziu as sobrancelhas. Arthur não podia resistir a uma brincadeira. Mas não ia deixar as coisas assim. De agora em diante, estaria imune ao chefe. Ou pelo menos, faria com que ele pensasse assim.
Perguntava-se quem era Nicky. Devia ser um parente, e por que havia de gostar dela só porque tinha um iguana? Suspi­rou. A vida toda parecia ser uma grande pergunta, ulti­mamente.
Ligou o editor de textos e se pôs a datilografar as cartas que Arthur ditara.



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