quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Além da pureza (Adaptada)



Capítulo 4 parte final



Despejando café bem preto numa caneca, sentou-se ao la­do dela, oferecendo-lhe a bebida.
— Oi — murmurou Lua.
— Oi para você também. Meu Deus, que dor de cabeça você vai ter. Tome. Sente-se e beba isto.
Com dificuldade, Lua apoiou-se num dos cotovelos, olhan­do para o chefe, sentindo o corpo mole.
— Está forte demais — reclamou Lua ao tomar o primei­ro gole.
— Tinha de ser forte — replicou Arthur, paciente. — Não posso dirigir o escritório sozinho.
Lua prendeu a respiração, de repente dando-se conta da situação.
— Meu Deus, sr. Aguiar — gaguejou, corando violentamen­te.— Ben pediu uma garrafa de vinho branco tão caro que eu não queria, mas fiquei com vergonha de recusar.
Nada daquilo fazia sentido. O repentino interesse de Ben por sua secretária. Ben era o verdadeiro playboy da empresa, apesar de atuar com muita discrição. Gostava de mulheres so­fisticadas e que bebiam, o que não era o caso de Lua.
— Seus pais deviam tê-la encorajado a sair com rapazes quando você era adolescente. Você não tem experiência para reconhecer um playboy.
Lua levantou as sobrancelhas.
— Claro que sei reconhecer um playboy. Eu trabalho para um.
Arthur não sorriu. Sabia que merecia aquilo.
— Sei que a imagem é essa — suspirou. — E eu encorajo isso. Mas não cometa o erro de achar que sou tudo aquilo que pareço,ser.
Aquilo não fazia sentido. Claro, nada mais fazia.
— Ben é legal.
— É por causa dele que mudou seu uniforme de sempre? — quis saber Arthur, curioso. Seus olhos passeavam pelo cor­po de Lua.
— Eu não uso uniforme — ela se defendeu.
— Saias compridas e blusas abotoadas até o pescoço e o cabelo preso num coque. Você nunca vem trabalhar de mini-saia, como veio hoje. Só uma vez.
— Sei que mulheres sexy ficam em perigo face a homens farristas. O senhor me disse para não lhe dar idéias erradas.
— Eu disse muita coisa — replicou Arthur bravo.
— E estava certo — ela só concluiu, imaginando por que ele estava tão bravo. — Não tenho casos de uma noite e o se­nhor não ia querer uma secretária que fosse seduzida pelo pa­trão. Só me vesti assim por causa de Ben.
— Lua, sei que pode parecer difícil de você acreditar, mas também não gosto de casos de uma noite. Não durmo com qualquer uma, por aí.
— Claro. — Lua deu uma risadinha.
— Só uma criança como você pode acreditar numa facha­da como a que criei para mim.
— O modo como o senhor beijou Karol não era fachada — disse Lua, com raiva.
Arthur olhou-a com interesse repentino.
— Eu não disse que sou totalmente inexperiente. Eu.disse que não fico dormindo por aí com todas as mulheres que aparecem.
— Então, por que todo mundo pensa que sim?
— Porque isso mantém as mulheres interessadas em casa­mento longe de mim. Nenhuma mulher que queira se casar se interessa por um homem que age como playboy.
— Acho que não mesmo. — Lua não estava bem certa de estar ouvindo direito ou se aquilo era efeito do álcool.
— Você não está sonhando. Sua cabeça lhe dirá isto mais tarde. — E Arthur começou a acariciar os lábios entreabertos de Lua. — Você ficou aborrecida ao me ver beijando Karol? — ele perguntou, de modo inesperado, vendo a resposta na expressão do rosto dela.
Lua terminou o café. Suas mãos tremiam.
— Estou melhor agora. Vou voltar ao trabalho.
Mas Arthur não se moveu e nem ela poderia, tampouco. A mão dele acariciava seu rosto e os olhos azuis começaram a escurecer.
— Algum homem já a amoldou ao corpo dele deste modo e pôs a boca contra a sua, como se estivesse morrendo para fazer isto?
Lua corou de forma violenta.
— Os homens não se sentem desta forma com mulheres co­mo eu.
— Por que não? — Os dedos experientes desciam pelo pes­coço fino.
— Não sou… o tipo de mulher que inspira emoções vio­lentas. Sou antiquada e quieta e…
— E extremamente sexy — murmurou Arthur, o hálito quente perto de Lua, os lábios tocavam os dela suavemente. — Dê-me isto — ordenou ele, pegando a xícara de café, vazia.
— Outro dia, o senhor disse…
— Eu disse que uma vez que minha boca cobrisse a sua, não haveria volta — sussurrou Arthur, segurando-a de modo mais firme. — E falei sério. Não se afaste de mim. Deixe-me amoldar.minha boca na sua… deixe que ela abra sua boca, do modo como eu disse que faria… oh, Lua…
Arthur deslizou os lábios por cima dos dela, os olhos fecha­dos, tentando abrir os lábios femininos e macios, com genti­leza e cuidado, o beijo tornava-se cada vez mais íntimo e quente. Lua podia sentir a língua de Arthur explorando cada canto de sua boca, assustando-se com a invasão. Sempre evi­tara aquele tipo de beijo, mas não conseguia desvencilhar-se de Arthur. Será que queria desvencilhar-se?
Gemendo, enterrou as unhas nos ombros fortes, como que pedindo apoio.
Arthur precisou de toda a sua força de vontade para parar.
— Você nunca permitiu este tipo de beijo antes, não foi?
— O senhor… me forçou.
— Forcei, sim. Você precisa de um professor.
O coração de Lua batia descompassado. Nunca sentira al­go parecido, com ninguém. A intimidade tinha sido extrema­mente excitante. Perigosa. Imaginava se seria assim também na cama…
— Foi apenas um beijo, Lua. Nada para ficar tão preo­cupada.
— Seria exatamente assim… na cama. — sussurrou ela, mor­ta de medo da descoberta sobre si mesma que acabava de fazer.
— Sim, exatamente assim. Você perderia o medo e se en­tregaria a mim. Eu a trataria do modo mais gentil possível e você se colaria no meu corpo, querendo mais e mais. Aí, você não teria mais medo e seria como labaredas subindo no escu­ro, como relâmpago à noite. Você resistiria, mas só por al­guns segundos. Então, você iria querer de novo e nós dois iríamos queimar juntos, no auge da paixão.
O corpo de Lua tremeu de modo violento só em pensar na descrição de Arthur.
— Um dia — continuou ele, a voz rouca — você será mi­nha. Apesar de tudo, você ficará nos meus braços e se entre­gará a mim.
Mal podendo respirar, Lua enterrou o rosto no pescoço de Arthur, como que pedindo proteção dele mesmo, abraçando-o forte. Tinha tido medo desse momento desde a primeira vez em que o vira, só que fora um medo subconsciente. Arthur abraçou-a, aninhando-a em seu peito.
Lua devia ter protestado quando Arthur fizera suas previ­sões, mas sabia que aquela era a verdade. Se não se afastasse daquele escritório, seria exatamente aquilo que iria acontecer. Agora, que experimentara o gosto de Arthur, não seria o sufi­ciente. Fechou os olhos e quis chorar.
Sentiu que Arthur se movia, deitando-se com ela no sofá, ajeitando-a. A expressão descontrolada de seu chefe a assus­tou, e o olhar dele era excitante e amedrontador ao mesmo tempo.
Foi nesse instante que ouviram alguém na sala de espera.
— Há alguém aí?
Ambos pularam. Arthur soltou Lua e ficou de pé.
— Meu Deus! — sussurrou Arthur, os olhos fixos nos de Lua, saindo para a sala de espera.
Elisa ficou ali, sentada no sofá, sentindo as pernas bam­bas. Estava delirando ou Arthur Arguiar a havia beijado, fazendo-a ficar submissa?
Terminou a segunda xícara de café, quando Arthur voltou para a sala.
— Está melhor? — quis saber ele.
— Sinto muitíssimo. Não quis beber no almoço e nunca mais farei isso. Eu… — disse, sem conseguir afastar os olhos do sofá, onde havia pouco estivera deitada, em abandono total. — Vou voltar ao trabalho, agora.
E, antes de abrir a porta, continuou:
— Quero que me desculpe pelo meu comportamento de há pouco. Foi o vinho. Nunca fiz nada assim antes. Espero que não fique com a impressão errada a meu respeito.
— Não. Não há por que ficar envergonhada, Lua.
— Me desculpe, sr. Aguiar.
— Meu nome é Arthur.— disse seu chefe, a voz suave.
— Eu sei, mas…
— Se não me chamar pelo nome na frente dos clientes, tu­do bem. Mas quando estivermos a sós, não quero mais ser cha­mado de sr. Aguiar.
— Tudo bem, Arthur — disse ela, por fim, vendo que o che­fe não conseguia tirar os olhos de sua boca.
Lua é uma mulher perigosamente excitante, pensou Arthur. Virgem esperando pelo homem com quem se casará. Uma ra­ridade. Por que não conseguia' lembrar-se disto mais vezes?
— Ligue-me com Howard Drake, sim? —pediu Arthur, forçando-se a sentar-se a sua mesa.
— Sim senhor — e, dizendo isto Lua voltou para a sua mesa e fez a ligação. Seria um grande desafio passar por aquele dia. Era como uma linha divisória em sua vida, mas, para on­de a conduziria, Lua não sabia dizer.


Um comentário:

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