quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Além da Pureza (Adaptada)


CAPÍTULO 4 parte I


Lua nunca estivera num restaurante caro antes, exceto com os pais de Jenny, numa ocasião, havia anos. A decoração do lugar era exótica e o menu estava escrito em francês: Esco­lheu um frango que não seria um rombo muito grande no bolso de Ben e olhou, divertida, enquanto ele optava por filé e la­gosta e uma garrafa de vinho branco importado.
— Só um copo para mim, por favor — pediu Lua, com um sorriso, enquanto saboreavam a refeição. Ben havia en­chido o próprio copo umas três vezes e ia encher o dela pela segunda vez, quando Lua pôs delicadamente a mão em cima de seu copo. — Não estou acostumada a beber álcool.
— É mesmo? Preciso me lembrar disto.
— Seu demônio! — brincou Lua, bem-humorada, bebe­ricando o vinho suave, degustando seu leve sabor e bouquet. — Foi muita gentileza sua me convidar para sair.
— Gostaria de tornar isto um hábito — declarou Ben, olhando-a de modo apreciativo. — Pensei que você nunca aceitaria.
— Não saio muito — confessou ela. — Não sou uma garo­ta liberada.
Ben levantou as sobrancelhas.
— Sério? — brincou ele.
— Sério.
Após estudá-la por um breve momento, começou a rir.
— Se isto é verdade, então você é única e eu a saúdo — disse, levantando o copo. — Mas você é a primeira das secre­tárias de Arthur que pode dizer isto. Não que ele seja um ho­mem mau. Ele não é. Apenas gosta de mulheres.
Lua deu um suspiro.
— Assim ouvi contar — ela respondeu, suspirando de mo­do involuntário. — Mas ele não gosta de mim; pelo menos não do jeito como você está falando.
— Então Arthur deve ser cego — disse Ben, sorrindo de for­ma gentil. — Você é muito bonita.
Lua corou.
— Obrigada.
Ben tomou mais um gole de seu vinho. .
— Existem mais iguais a você em casa? — perguntou Ben, com uma inflexão estranha na voz.
— Sou filha única — sorriu Lua. — Tenho uma prima que é linda, mas ela não passa muito tempo em casa.
— Por que não?
Lua então começou a contar a razão, a língua solta com o efeito do álcool. Mas, após alguns minutos, percebeu que estava gaguejando.
— Desculpe. Acho que o vinho subiu um pouco.
— Acontece que tudo em você me fascina — Ben se apres­sou em dizer. — E sua prima parece ser uma mulher bastante interessante. Que pena que não fixe raízes em lugar nenhum.
— E o que penso.
— Imagino que goste de dividir um apartamento com ela, já que sua prima está fora o tempo todo.
— Gosto, sim. Ela esteve em casa no começo desta sema­na, mas somente pernoitou. — Lua riu, pondo o copo de la­do.— Puxa, Ben, essa coisa é mesmo potente!
— É o que dizem — ele concordou, mordendo o lábio de novo, estudando-a com atenção. — Eu gostaria de conhecê-la melhor Lua Blanco. Isto é, se você concordar e se seu che­fe não tiver seu nome na lista dele. Não quero passar por ci­ma de Arthur Aguiar.
— Não pertenço ao sr. Aguiar — Lua apressou-se em informá-lo. — Nunca percebi que as pessoas achavam que eu pertencesse.
— As pessoas, não: Apenas eu. — Ben deu de ombros. — Sou novo na empresa. Tudo o que sei sobre as pessoas é o que ouço falar.
— Onde você trabalhou antes? —  perguntou, com um sorriso.
— Na Califórnia — ele respondeu, claramente pouco à von­tade e mudando depressa de assunto: — Conte-me sobre esses negócios de geologia. É na empresa do pai de Aguiar que sua prima trabalha, não? Pensei que Arthur Aguiar tivesse inte­resse nisso quando vim trabalhar aqui, mas parece que eu es­tava errado.
— É que ele e o pai não se entendem muito bem. — Ela meneou a cabeça.—: Acho que ele herdará tudo um dia, mas agora está apenas no ramo de peças e equipamentos. Duvido até que Arthur saiba o que Eugene anda fazendo.
Ben disse algo baixinho para si mesmo e tomou um gole de vinho. Por um minuto, pareceu distante, depois estudou o rosto de Lua de novo.
— Acho que sua prima deve ter uma vida bastante excitan­te. Ela costuma contar sobre suas andanças?
Algo parecia estranho naquela conversa, mas Lua estava muito tonta por causa do vinho para prestar atenção ao fato.
— Nenhuma palavra, tudo parece coisa de James Bond — ela riu, em sua simplicidade. — Mas Jenny tira estranhas fo­tos das coisas. Fez um mapa geológico e algumas marcas ne­le. Depois de tanto trabalho, o esqueceu em casa. Terei de colocá-lo no correio para ela amanhã.
Ben pareceu ficar animado.
— Mapa, hein? Eu adoraria ver um verdadeiro mapa geo­lógico.
— Não posso mostrá-lo — desculpou-se Lua, sorrindo. — Jenny me mataria. Por que achou que eu estava tendo um ca­so com o meu chefe? — perguntou em seguida, curiosa.
— Por nenhuma razão — Ben murmurou. — Só pelo mo­do como ele a olhou outro dia. Mas há Karol Sartain, claro — lembrou ele, sorrindo. — Acho que desta vez Arthur se amar­rou. — Deu uma risadinha. — Pelo que ouvi dizer, Karol não dorme com todo mundo por aí. Se algo acontecer, Arthur terá de se casar; com ela. Aí está uma mulher de classe e muito in­teligente. Irá longe no mundo dos negócios. Eu a conheci há uns dois anos. Ela saía com um tio meu.

Lua não tinha a menor vontade de falar sobre Karol. Na verdade, sentia-sé tonta e enjoada. Ao empurrar o copo de Vinho, viu que suas mãos tremiam. Era ridículo sentir-se tão triste e aborrecida. Sabia que Arthur era um playboy e que es­tava saindo com Karol havia semanas, e somente com ela. Por que deveria importar-se? Ben gostava dela.

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